Monday, December 10, 2007

Excuse me Mr.

Já por mais de uma vez ouvi dizer: "Já não ouço isso, agora é comercial!". Não é objectivo de qualquer músico ou de qualquer grupo de músicos tornar-se conhecido, ser ouvido pelo maior número de pessoas, espalhar aquela que é a sua forma de arte? Eu acho que é. Não sou uma pessoa alternativa, ou melhor, não o sou agora. Quando comecei a ouvir Ben Harper, Jack Johnson, John Mayer ou Donavon Frankenreiter estava longe de imaginar que iriam ter tanto público. Em especial, no caso dos dois primeiros, não seria de esperar que enchessem o Pavilhão Atlântico. Mas tornaram-se conhecidos e isso não é sinónimo de que a sua música ficou pior ou que perdeu aqueles traços que me fizeram primeiramente reparar. O Ben Harper seria talvez o caso mais complicado, por ter, não minha opinião, a música mais fácil de digerir de entre estes quatro exemplos. Mas cada disco tem sido uma agradável surpresa, sempre com novas incursões. Claro que há músicos que se perdem, não digo que não, mas não é regra.


Low Rider

4 comments:

Rik said...

O problema não é que os musicos fiquem conhecidos.

O factor que estraga tudo reside nas exigencias das editoras e publico pelo próximo CD a todo o vapor. Fazer boa musica requer tempo e trabalho.

Por vezes um primeiro CD é fruto do trabalho de composição de 20 anos, e um segundo uma variante do 1º composto em 6 meses. Não se pode esperar o mesmo nivel de qualidade, e é natural que se caia em clichets.

Low Rider said...

Sim, isso sem dúvida. Mas a minha crítica vai é na direcção daquelas pessoas que simplesmente ouvem um músico porque é diferente, pondo automaticamente de parte quando o público o passa a conhecer bem, ainda antes de avaliarem decentemente o novo disco. E tenho encontrado várias vezes esta posição.

A.T. Pereira said...

Durante algum tempo, recusei-me a ler qualquer livro do Harry Potter simplesmente porque não suportava o hype em redor do personagem, da autora e de toda a história que teimava em aparecer em todos os jornais e revistas.
No Natal de 2000 (acabei de confirmar no livro), os pais decidiram oferecer-me o primeiro livro. Em inglês. E eu resignei-me a lê-lo, por curiosidade.
Adorei! E em pouco tempo li, de enfiada, todos aqueles que já tinham saído.

Confesso que às vezes sou um bocadinho pseudo (!) com os livros. E conheço muito mais gente que o é. Mas não sou nada assim com a música.

Também comecei a ouvir estes músicos todos muito antes deles se tornarem mainstream. Assim como Da Weasel ou Green Day.
Continuo a ouvir quase todos eles. Não tenho a mínima paciência para os Green Day agora e o John Mayer às vezes enerva-me.

É evidente que se determinado grupo ou intérprete se torna comercial, há qualquer coisa que se perde. E o que se perde é inversamente proporcional ao número de pitas todas iguais, histéricas e com garrafas de litro e meio de cerveja à entrada das salas de concerto - quando temos sorte, é o intimismo do concerto ou a sensação de kinship com a audiência que deixam de existir, quando temos azar, mais vale fingir que não se fizeram mais discos depois daqueles de que gostamos! As simple as that!

E amo dizer a gente que se acha intelectualmente superior e que me inclui no grupo que fui a todos os concertos da Shakira!

P.S.: Babe, we'll always have White Buffalo! ;) E o Ben, que cala o RiR, e toca "como se estivesse na sala". =)

A.T. Pereira said...

*directamente

É directamente proporcional. Sorry. Ia fazer outro point, relacionado com as cedências dos músicos e embrulhei a coisa. My bad!