Thursday, January 31, 2008

Poema (III)

Praia

Os pinheiros gemem quando passa o vento
O Sol bate no chão e as pedras ardem.

Longe caminham os deuses fantásticos do mar
Brancos de sal e brilhantes como peixes.

Pássaros selvagens de repente,
Atirados contra a luz como pedradas,
Sobem e morrem no céu verticalmente
E o seu corpo é tomado nos espaços.

As ondas marram quebrando contra a luz
A sua fronte ornada de colunas.

E uma antiquíssima nostalgia de ser mastro
Baloiça nos pinheiros.

Sophia de Mello Breyner - Coral - Obra Poética

Poema (II)

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,

Aquela que diz tudo e tudo sabe,

Que tem a inspiração pura e perfeita,

Que reúne num verso a imensidade!


Sonho que um verso meu tem claridade

Para encher todo o mundo! E que deleita

Mesmo aqueles que morrem de saudade!

Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!


Sonho que sou Alguém cá neste mundo…

Aquela de saber vasto e profundo,

Aos pés de quem a terra anda curvada!


E quando mais no céu eu vou sonhando,

E quando mais no alto ando voando,

Acordo do meu sonho… E não sou nada!…


(Florbela Espanca, «Livro de Mágoas», in «Poesia Completa»)

Tuesday, January 22, 2008

Enfim... e OSCAR

Sem nenhum motivo de força maior, apenas porque sim (tirando a semana em que andei com uma virose em cima), o blog tem atravessado uns dias de blackout. Dias mais inspirados nos esperam.

Entretanto já são conhecidos os nomeados para os Óscares. Este ano estou muito fora da matéria mas queria fazer o forcing habitual para ver os filmes nomeados, vou tentar.

Podem ver a lista aqui.

Low Rider

Wednesday, January 9, 2008

Poema (I)

Sempre gostei deste poema, acho que o segredo está no último verso.


Pirata


Sou o único homem a bordo do meu barco.

Os outros são monstros que não falam,

Tigres e ursos que amarrei aos remos,

E o meu desprezo reina sobre o mar.


Gosto de uivar no vento com os mastros


E de me abrir na brisa com as velas,


E há momentos que são quase esquecimento

Numa doçura imensa de regresso.


A minha pátria é onde o vento passa,

A minha amada é onde os roseirais dão flor,

O meu desejo é o rastro que ficou das aves,

E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.


Sophia de Mello Breyner Andresen



Friday, January 4, 2008

141.29.151.106

O meu primeiro post de 2008 é um agradecimento! Desde que comecei a trabalhar o meu espólio musical tem aumentado a olhos vistos e isso deve-se à disponibilidade do pessoal, principalmente do Rik. E gostando-se ou não do que nos é sugerido, é sempre bom conhecer mais, ouvir mais! E como nem sempre a preguiça me conduz a procurar novos sons, é bom que os sons venham ter comigo! É que é chato quando andamos com a roda do iPod de um lado para o outro e o que realmente apetece ouvir não está lá!



Low Rider